Enquanto sentes o vento arenoso e úmido, me falta água no ar.
Enquanto colocas as mãos na massa, dedilho louca pelo teclado em busca de novas palavras;
Enquanto atendes pedidos olho no olho, quem me escuta é apenas uma voz ao fone.
Mas é à noite que nosso dia se encontra.
Enquanto descansas, nada plena, sozinha em tua cama.
Procuro os resquícios do traçado do teu corpo na minha.
Enquanto passas o frio dos solitários.
Tento, em vão, me aquecer colada ao travesseiro, que ainda exala teu perfume.
Lágrimas de Areia
ResponderExcluirLá estava ela, triste e taciturna.
Testemunha de efêmeros conflitos,
Com um olhar perdido no tempo,
Não exigia nada em troca
A não ser um pouco de atenção.
Sentia-se solitária, oca,
Os homens admiravam-na pelos seus dotes.
As crianças, em sua eterna plenitude,
Admiravam-na muito mais além...
... Mais humana!
De sua profunda melancolia
Lágrimas surgiram.
Elas não umedeceram o seu rosto,
Mas secaram o seu coração,
O poço da alma,
Aumentando cada vez mais
A sua sede.
Lá ela permaneceu; estática, paralisada!
Esperando que o vento do norte a levasse
Para bem longe dali!
O dia começou a desfalecer.
Seu coração, outrora seco e vazio,
Agora pulsava em desenfreada arritmia.
Desespero!
A maré estava subindo...
Em breve voltaria a ser o que era:
Um simples grão de areia.
Quiçá um dia levado pelo vento,
Quiçá um dia... Em um porto seguro.
Do livro (O Anjo e a Tempestade) de Agamenon Troyan
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